Actividades do Jubileu

 

Acção de Graças:

  • Agradecer por toda a Igreja constituída como Família, comunidade de fé.
  • Agradecer por nossa identidade de batizados e por nossa missão de testemunhas do Evangelho
  • Agradecer pelo dom da Eucaristia que nos reúne, nos fortalece e nos convida a tornarmo-nos “eucaristia” para que outros, através de nós, tenham vida plena.
  • Agradecer pelo SCEAM e todas as outras estruturas e instituições eclesiais implantadas no seio de nossa Igreja durante estes 50 anos.
  • Agradecer pelas obras pastorais e sociais que permitiram à Igreja de estar perto daqueles que se encontram em necessidade: (Mt 25,31-46)
  • Agradecer pelas obras culturais e educativas.

 

Memória do caminho percorrido 

Assinalar as iniciativas ou actividades feitas em favor da Igreja-família de Deus a nível pessoal, familiar, paroquial, diocesano, nacional, regional e continental (victórias, equívocos, alegrias e dificuldades encontradas):

  • Em nossas famílias, paróquias, dioceses, nações, regiões, etc., como fazemos memória do caminho percorrido, como Igreja-família de Deus?
  • Que tipo de actividades em favor da justiça, da reconciliação, da paz e do desenvolvimento pusemos em acção para nos ajudar a interiorizar, para assimilar e testemunhar de verdade que somos Família de Deus?
  • Que tipo de ajuda nós trouxemos uns aos outros para realizar isto?
  • De que tipo de recursos (espirituais e materiais) nos servimos?

 

Arrependimento e conversão

  • Identificar as acções a serem tomadas para entrar em uma abordagem de arrependimento e de conversão,
  • Promover iniciativas pessoais e comunitárias de perdão,
  • Tomar consciência de nossas faltas e negligências (de mentalidade e de acção) no reconhecimento e na valorização dos imensos recursos humanos e naturais de África em favor de nossos povos
  • Reconhecer as riquezas e os limites dos métodos de evangelização utilizados até aos nossos dias e levar a cabo as conversões pastorais necessárias
  • Desenvolver actividades em favor da reconciliação e da unidade a todos os níveis (comunidades cristãs, aldeias, países, regiões, continente).

 

Compromisso renovado em testemunhar o Cristo

  • Renovar nossa vida com Cristo
  • Promover junto aos fiéis leigos, aos consagrados e aos pastores o sentido da responsabilidade pessoal pelo Evangelho
  • Organizar seminários para aprofundar o nosso conhecimento do Cristo e do Seu Evangelho
  • Identificar e indicar os obstáculos soció-culturais e económicos a serem superados para responder às exigências da missão
  • Repensar e promover ainda mais o envolvimento dos cristãos em política
  • Desenvolver a nível das instituições de formação e da vida da fé em África (universidades, seminários, noviciados, associações) iniciativas de coesão, de comunhão e de acção para um envolvimento comunitário em favor da evangelização e da transformação da sociedade.
  • Promover uma solidariedade orgânica entre as estruturas eclesiais de serviço dentro de um espírito de subsidiariedade e de complementaridade (cf. a imagem paulina do corpo).
  • Promover, segundo a Doutrina Social da Igreja, acções pastorais apropriadas aos diferentes grupos e associações bem como às corporações soció-profissionais (empresas familiares, estruturas cooperativas, agrupamentos comunitários com fins económicos, etc.)
  • Reconhecer e promover as raízes e os valores culturais de África para assinalar os grandes desafios de sua transformação
  • Indicar os compromissos a serem promovidos para responder ainda mais à missão da Igreja-família de Deus.
  • Identificar as forças e as fraquezas da Igreja- família de Deus, as oportunidades e as ameaças em vista de uma consequente estratégia de evangelização.
  • Suscitar e encorajar acções ecuménicas e de diálogo inter-religioso.
  • Recordar que as graças de Deus são gratuitas e excluir todo e qualquer aspecto simoníaco dentro das celebrações dos sacramentos e sacramentais.
  • Tornar as pessoas sensíveis à pastoral dos doentes e sinalizar a sua implementação (Lc 6,17-19).

Calendário Do Jubileu

August 2018: Church Communities

Texto: Actos 2, 42-47

Meditação: Seguindo o exemplo das primeiras comunidades cristãs

A vida das primeiras comunidades cristãs tem suas raízes no ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na oração, na fração do pão e no testemunho.

De facto, a Igreja nasce e aprofunda seu ser em referência aos apóstolos que foram os testemunhas directos da vida e do ensinamento do Senhor. Num mundo de desigualdades, os primeiros cristãos exprimem sua comunhão fraterna através da partilha, de tal forma que ninguém sofra necessidades.

Nos momentos de dificuldades ou de alegria, os cristãos estão unidos ao seu Senhor e entre eles através da oração ininterrupta cotidiana. O ponto mais alto destes encontros no Senhor é a fracção do pão, a Eucaristia onde os discípulos de Jesus celebram a morte e a ressurreição do seu Senhor.

É deste modo que os primeiros cristãos dão testemunho de Jesus, morto e vivo. Encontram uma acolhida favorável junto ao povo. A cada um de nós, às nossas comunidades, às nossas paróquias, nos mostram, o caminho a seguir.


Prosseguir com a meditação: A paróquia, Igreja-família de Deus.

«A paróquia é, por sua natureza, o lugar habitual de vida e culto dos fiéis. Aí, podem exprimir e concretizar as iniciativas, que a fé e a caridade cristã sugerirem à comunidade dos crentes. A paróquia é o lugar onde se manifesta a comunhão dos diversos grupos e movimentos, que nela encontram suporte espiritual e apoio material. Sacerdotes e leigos colocarão todo o seu empenho para que a vida da paróquia seja harmoniosa, no contexto de uma Igreja Família, onde todos sejam « assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão e às orações » (Act 2,42) (João Paulo II, Ecclesia in Africa, n° 100).

Setembro de 2018: a Palavra de Deus (catequistas e animadores)

Texto: João 1, 1-18

Meditação: Jesus, Palavra feito carne

No início do seu Evangelho, no Prólogo, S. João apresenta Jesus como a Palavra de Deus, feita carne: «No princípio era o Verbo e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus » (Jo 1,1). Filho único do Pai, Jesus-Palavra  participa  da Sua actividade criadora. Ele veio para caminhar junto connosco e para nos fazer comungar da vida do Pai. N’Ele, Deus cria a Nova História e a Nova Humanidade, em colaboração com aqueles que O acolheram.

Mais adiante, no capítulo 6, João prossegue a meditação. Ele nos mostra Jesus a Palavra que se fez alimento. Lembrando a experiência da travessia do deserto, Jesus nos convida a crer n’Ele, a deixarmo-nos alimentar e saciar pela Sua Palavra. Somente Sua Palavra é capaz de fazer florescer os desertos de nossas vidas. Sua Palavra é também tão vivificante como o Seu Corpo e o Seu Sangue.

É por isso que os cristãos devem alimentar-se sem cessar da Palavra de Deus. Mas para que esta palavra traga fruto, é importante que ela seja bem entendida. Daqui a necessidade da formação à leitura da Bíblia em nossos grupos e em nossas paróquias, para que todos os cristãos, sobretudo para os catequistas e os animadores das comunidades cristãs.


Prosseguir com a meditação: Conhecer melhor a Palavra de Deus

 « Para fazer com que a Palavra de Deus seja conhecida, amada, meditada e conservada no coração dos fiéis (cf. Lc 2,19.51), é necessário intensificar os esforços para facilitar o acesso à Sagrada Escritura, sobretudo através de traduções integrais ou parciais da Bíblia, feitas na medida do possível em colaboração com as outras Igrejas e Comunidades eclesiais e acompanhadas por indicações de leituras para a oração, o estudo em família ou em comunidade. Além disso, há que promover a formação bíblica dos membros do clero, dos religiosos, dos catequistas, e dos próprios leigos em geral; predispor adequadas Celebrações da Palavra; favorecer o apostolado bíblico, com a ajuda do Centro Bíblico para a África e Madagáscar e de outras estruturas idênticas que hão-de ser encorajadas a todo o nível. Em resumo, dever-se-á procurar colocar a Sagrada Escritura na mão de todos os fiéis, logo desde a sua infância.»  (João Paulo II, Ecclesia in Africa, 58)

Outubro de 2018: Missão e movimentos de apostolado

Texto: Marco: 16, 9-20

Meditação: o envio para a missão

A ressurreição de Jesus é o fundamento da fé cristã. Mas esta experiência, os apóstolos não podem guardá-la para si mesmos. Eles devem anunciá-la ao mundo inteiro. Jesus ressuscitado e vivo trabalha com eles e age através deles e com eles.

No entanto, o evangelista Marco insiste muito sobre o silêncio de Jesus. Durante a paixão, temos a impressão que Deus abandonou Seu Filho. Depois da ressurreição, as primeiras mulheres que fizeram a experiência da ressurreição, retiraram-se todas a tremer.

Marco quer, antes de mais mostrar, que a missão, não é uma propaganda. Antes de ir a anunciar Jesus, é necessário primeiro ter tempo suficiente para contemplá-Lo no silêncio, na oração. O silêncio de Deus na paixão assim como na ressurreição não significa a Sua ausência, mas pelo contrário, uma presença discreta mas eficaz. Ao ressuscitar Jesus de entre os mortos, Deus mostra que não abandonam os  seus a si mesmos. Mas isso não significa também que eles não deverão passar por muitas provas.

Hoje, a missão é confiada aos apóstolos e a seus sucessores. Mas também à totalidade dos fiéis, a cada um segundo sua vocação dentro da Igreja. Todos somos missionários. Trata-se de uma missão exigente. Como o demonstra todo o Evangelho de Marcos, a missão é uma aventura à sequela de um Crucificado ressuscitado. É uma missão de oração, de testemunho através dos actos e da palavra. Um dos campos desta missão, é o compromisso com a reconciliação, com a justiça e com a paz.


Prosseguir com a meditação: a missão da reconciliação, da justiça e da paz

«O serviço da África ao Senhor Jesus Cristo é um tesouro precioso que confio, neste princípio do terceiro milénio, aos bispos, aos sacerdotes, aos diáconos permanentes, às pessoas consagradas, aos catequistas e aos leigos daquele amado continente e ilhas adjacentes. Esta missão leva a África a aprofundar a vocação cristã; convida-a a viver, em nome de Jesus, a reconciliação entre as pessoas e as comunidades, e a promover a paz e a justiça na verdade para todos.» (Bento XVI, Africae Munus, 1).

Novembro de 2018: Santos da África e do Madagáscar

Texto: Mateus 5, 3-12

Meditação: as Bem-aventuranças

O texto das Bem-aventuranças segundo S. Mateus nos é proposto no dia da festa de Todos-os-Santos. As Bem-aventuranças, de certa forma,  nos dizem quem é Jesus. Ele é o pobre que pôs toda a sua confiança em Deus. Por sua doçura e por sua humildade, Ele testemunha a ternura e a misericórdia de seu Pai. Solidário nos sofrimentos e nas injustiças, Ele dá Sua vida, para que reine a justiça e a paz. Propõe uma felicidade que não se constrói sobre a potência do poder, do saber, do ter ou da fama. Mas Ele nos impulsiona pelo caminho do risco do dom de si, por Deus e pelos outros.

Através da história, em qualquer lugar assim como em África, muitos aceitaram e ainda aceitam de correr esse risco. Nós lembramos de muitos santos e mártires africanos bem conhecidos. Mas, pensemos também aos santos e aos mártires do nosso quotidiano que arriscam suas vidas para salvar a de outros. Não esqueçamos os homens e as mulheres que permanecem honestos em um mundo frequentemente corrompido. Pensemos naqueles que recusam as divisões e escolhem a fraternidade sem fronteiras. Que todos os nossos santos, conhecidos e desconhecidos, nos ajudem a viver as Bem-aventuranças, todos os dias.


Prosseguir com a meditação: Viver as Bem-aventuranças

«Unido ao seu Mestre, o discípulo de Cristo deve contribuir para formar uma sociedade justa, onde todos possam participar activamente com os seus talentos na vida social e económica. Poderão assim ganhar o que lhes é necessário para viverem de acordo com a sua dignidade humana, numa sociedade onde a justiça será vivificada pelo amor. Cristo não propôs uma revolução de tipo social ou político, mas a do amor, realizada no dom total de Si mesmo com a sua morte na cruz e a sua ressurreição. É sobre esta revolução do amor que se baseiam as Bem-aventuranças (cf. Mt 5, 3-10). Estas proporcionam um novo horizonte de justiça inaugurado no mistério pascal e em virtude do qual nos podemos tornar justos e construir um mundo melhor. A justiça de Deus, que as Bem-aventuranças nos revelam, eleva os humildes e derruba os que se exaltam. Na verdade, aquela só alcançará a sua perfeição no Reino de Deus que se realizará no fim dos tempos; mas a justiça de Deus manifesta-se já agora, quando os pobres são consolados e admitidos ao banquete da vida». (Bento XVI, Africae Munus, 26).

Dezembro de 2018: a vida e a criação

Texto: Ap 21, 1-5

Meditação: céus novos, terras novas

Neste capítulo 21 do Apocalipse, João nos faz descobrir toda a esperança que deve habitar o cristão, apesar das dificuldades de nossa existência. Através das imagens, o autor prevê a renovação total da história e do mundo por Jesus ressuscitado e vivo. Ele vem para refazer novamente tudo, para dar-nos uma vida nova.

Ora, na África tradicional, a vida, é essencialmente a santidade, a felicidade, as crianças… A Palavra de Deus convida-nos a considerar a vida dentro do quadro geral do conjunto da sociedade, da história e do ambiente ecológico.

De facto, a deterioração do ambiente é um sinal da degradação da vida do homem africano, do seu ambiente económico, político, cultural, cósmico, ético, e até mesmo espiritual. Então, o combate pela vida leva em conta a luta por um ambiente sadio. Além disso, o compromisso em favor da ecologia deve levar em conta todos os lugares onde se destrói a vida: aquele político, o económico, o social, o cultural, o ético. Em outras palavras, o combate pelo ambiente é ao mesmo tempo um compromisso pela paz, pela justiça, pelo desenvolvimento, pela saúde, em resumo, pela vida.


Prosseguir com a meditação: O respeito pela vida e pelo ecossistema

«Homens e mulheres de negócios, governos, grupos económicos lançam-se em programas de exploração que poluem o ambiente e causam uma desertificação nunca vista. Graves atentados são praticados contra a natureza e as florestas, a flora e a fauna, e inúmeras espécies correm o risco de desaparecer para sempre. Tudo isto ameaça o ecossistema global e, consequentemente, a sobrevivência da humanidade. Exorto a Igreja na África a encorajar os governantes para que protejam os bens fundamentais, como são a terra e a água, para a vida humana das gerações presentes e futuras e para a paz entre os povos». (Bento XVI, Africae Munus, 80).

 

 

Janeiro de 2019: A Família e o diálogo inter-religioso

Texto: Lc 2, 22-40

Meditação: A família de Nazaré

Tal como todas as famílias judias daquela época, José e Maria cumprem com todos os ritos prescritos pela Lei. Jesus, deste modo consagra a importância da família humana. Mas sua referência radical ao Pai, convida a fundir a família de sangue na fé e no amor de Deus dando-lhe uma densidade mais forte. Jesus não renuncia à família de sangue. Mas, ao relembrar Sua filiação divina, propõe uma nova maneira de ser família.

Na Igreja primitiva, a família vem a ser muitas vezes, a primeira célula da Igreja. Daqui compreende-se a importância que a Igreja dá à pastoral da família. Em uma África fragmentada, a família deve voltar a ser o primeiro lugar da evangelização, da oração, da aprendizagem dos valores da reconciliação, da justiça e da paz.

Eis aqui a razão pela qual, em  muitos casos, a família é o primeiro lugar do diálogo ecuménico mas também do diálogo inter-religioso. Nem sempre é conveniente. Mas a ultima palavra deve ser sempre aquela do amor.


Prosseguir com a meditação: a família a serviço do diálogo inter-religioso

«Como nos manifesta um grande número de movimentos sociais, as relações inter-religiosas condicionam a paz na África, como aliás noutros lados. Por conseguinte é importante que a Igreja promova o diálogo como atitude espiritual, para que os crentes aprendam a trabalhar juntos, por exemplo, nas associações orientadas para a paz e a justiça, com um espírito de confiança e de mútua ajuda. As famílias devem ser educadas para a escuta, a fraternidade e o respeito sem medo do outro. Uma só coisa é necessária (cf. Lc 10, 42) e capaz de satisfazer a sede de eternidade de todo o ser humano e o desejo de unidade da humanidade inteira: o amor e a contemplação de Deus, que levava Santo Agostinho a exclamar: « Oh eterna verdade, verdadeira caridade e cara eternidade! ».». (Bento XVI, Africae Munus, 88).

Fevereiro de 2019: os doentes

Texto: Jo 5, 1-18

Meditação: a cura do paralítico

Ao tomar a iniciativa de curar o paralítico, Jesus, demonstra o interesse que O leva à pessoa toda inteira e a todas as pessoas. Deus Pai não se alegra com o sofrimento. Ele não o provoca. É por isso que é absolutamente necessário lutar contra o sofrimento com todas as armas da ciência, mas também com aquelas da fé, da oração e dos sacramentos celebrados em comunidade. O cristão considera a cura em todas as suas dimensões. Ele se empenha na luta contra todas as formas de doença que ameaçam a África e as suas causas: a violência, a miséria, as injustiças, a corrupção, o medo … Como ao paralítico, Jesus diz: Levanta-te e caminha.

Com Ele, nós caminhamos pelo caminho da ressurreição, mas também pelo caminho da cruz. De facto, Jesus Ressuscitado assumiu ao extremo o sofrimento humano, o desespero mais total. Connosco Ele gritou: «Meu Deus, meu Deus, porquê tu me abandonas-te?» (Mc 15, 34//Mt 27, 46).  Neste momento de angústia, nós necessitamos de nos agarrar de todas as formas, à fé no Crucificado, à esperança e sobretudo ao testemunho da ternura do Pai. Nestes momentos de desespero, o amor forte e concreto é a melhor resposta ao sofrimento.


Prosseguir com a meditação: O amor perante o sofrimento

«Nenhuma sociedade, mesmo desenvolvida, pode prescindir do serviço fraterno animado pelo amor. « Quem quer desfazer-se do amor, prepara-se para se desfazer do homem enquanto homem. Sempre haverá sofrimento que necessita de consolação e ajuda. Haverá sempre solidão. Existirão sempre também situações de necessidade material, para as quais é indispensável uma ajuda na linha de um amor concreto ao próximo ». É o amor que acalma os corações feridos, sós, abandonados; é o amor que gera a paz ou a restabelece no coração humano, e a instaura entre os homens». (Bento XVI, Africae Munus, 29).

Março de 2019: Os refugiados, os migrantes, as pessoas desalojadas

Texto: Dt 26, 5

Comentário

No livro do Deuteronómio, a oferta das primícias da colheita ao Senhor, eram acompanhadas por uma solene profissão de fé. Esta lembrava ao povo que os ancestrais de Israel não são provenientes de Caná: «Arameu, prestes a perecer, foi meu pai, e desceu ao Egipto, e ali peregrinou com pouca gente, porém ali cresceu até vir a ser nação grande, poderosa, e numerosa» (Dt 26, 5).

A experiência da migração é universal. É por isso que a Bíblia nos diz de estar atentos ao emigrado, ao estrangeiro, bem como ao órfão e á viúva. Frágil, o migrante tem direito à solicitude do Senhor, mas também àquela da comunidade: «O Senhor é incorruptível Que faz justiça ao órfão e à viúva, e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e roupa.» (Dt 10, 18).

A Palavra de Deus portanto, nos convida a lutarmos em favor dos migrantes, ao nível da hospitalidade e no plano jurídico. Ela nos chama a entender a migração como um encontro enriquecedor. Não pensemos às migrações somente para os outros continentes, mas também àquelas no interno do continente, ou até mesmo do país. Como nos acolhemos uns aos outros em nossos bairros, em nossas cidades ou em nossas comunidades cristãs?

A Igreja manifesta seu apoio aos migrantes africanos fora e dentro do continente. Ela interpela a responsabilidade de todos, de modo particular aquela dos africanos.


Prosseguir com a meditação: Solidariedade para com os migrantes

 «  A Igreja recorda-se que a África foi uma terra de refúgio para a Sagrada Família, que escapava do poder político sanguinário de Herodes à procura duma terra que lhes prometia a segurança e a paz. A Igreja continuará a fazer ouvir a sua voz e a empenhar-se por defender todas as pessoas».  (Bento XVI, Africae Munus, 85).

Abril de 2019: Vocação, crianças e jovens

Texto: Marco 1, 16-20

Meditação: a chamada dos primeiros discípulos

Marcos situa a chamada dos primeiros discípulos logo no início do ministério de Jesus. Deste modo, ele mostra que os discípulos desde o início, estão associados à missão de Jesus. Para segui-Lo, os futuros apóstolos abandonam suas redes, sua profissão.

A chamada dos primeiros discípulos nos convida a meditar sobre a chamada dirigida a todos os baptizados, mas de modo particular aos jovens. Trata-se primeiramente da chamada de todos à vida cristã, de colocar-se na sequela de Jesus. Esta chamada é radical para todos e para todas.

Mas, trata-se ainda da diversidade de vocações, seja ao caminho da vida dos leigos, seja às diferentes formas de vida consagrada. A vida sacerdotal ou a vida consagrada são um serviço e um sinal no coração da Igreja que pede conversão. Ao convocar para outubro de 2018 um sínodo sobre o tema: «A juventude, a fé e o discernimento vocacional», Papa Francisco chama todos os jovens ao compromisso radical com Cristo. De facto, o caminho vocacional, é antes de mais esta chamada de Jesus dirigida a todos, para o seguir pelo caminho da vida cristã, da conversão. Bento XVI já a seu tempo, sublinhava a radicalidade desta vida.


Prosseguir com a meditação: Os jovens e o futuro da Igreja e da sociedade

«Queridos jovens, podem tentar-vos solicitações de todo o género: ideologias, seitas, dinheiro, droga, sexo fácil, violência…. Estai atentos! Aqueles que vos fazem estas propostas querem destruir o vosso futuro. Apesar das dificuldades, não vos deixeis desanimar nem renuncieis aos vossos ideais, à vossa assídua aplicação na formação humana, intelectual e espiritual. Para adquirirdes o discernimento, a força necessária e a liberdade para resistir a tais pressões, encorajo-vos a colocar Jesus Cristo no centro de toda a vossa vida, não só através da oração mas também por meio do estudo da Sagrada Escritura, da frequência dos Sacramentos, da formação na doutrina social da Igreja, bem como mediante a vossa participação activa e entusiasta nos grupos e nos movimentos eclesiais. Cultivai em vós a aspiração pela fraternidade, a justiça e a paz. O futuro está nas mãos de quem sabe encontrar razões fortes para viver e esperar. Se quiserdes, o futuro está nas vossas mãos, porque os dons que o Senhor distribuiu a cada um de vós, revigorados pelo encontro com Cristo, podem proporcionar uma esperança autêntica ao mundo». (Bento XVI, Africae Munus, 63).

Maio de 2019: Maria e a mulher

Texto: Luc 1, 46-55

Comentário: O cântico de  Maria

Depois da anunciação, Maria vai visitar sua prima Isabel. O diálogo entre as duas mulheres conclui-se com o cântico de Maria, o Magnificat. Maria pensa à anunciação. Ela respondeu ao anjo que ela é uma humilde serva. Ela acumula em si todos os atributos da fragilidade. Ela é uma mulher dentro da sociedade judia patriarcal e do mundo greco-romano onde a escrava não é senão um objecto. Ela é filha de um povo esmagado pelos romanos.

No entanto, ela não é chamada a resignar-se, mas a participar à salvação e à libertação do seu povo. Como discípula, ela será o sinal da novidade de Deus. Maria evoca a alteração das situações e dos valores que caracterizam a passagem do mundo antigo ao mundo novo. A intervenção de Deus que começou com a Anunciação que devolverá prioritariamente justiça aos humildes e aos esmagados.

Maria, a rapariga de Nazaré, não tem nada a haver com uma menina submissa. Ela possui em si a força das matriarcas, das profetizas e das resistentes do Antigo e do Novo Testamento. Ela é o símbolo de uma mulher responsável. Ela representa todas as mulheres que desafiam a morte no dia a dia e fazem eclodir a vida.


Prosseguir com a meditação: As mulheres na Igreja e no mundo

«Vós, mulheres católicas, inseris-vos na tradição evangélica das mulheres que davam assistência a Jesus e aos apóstolos (cf. Lc8, 3). Sois para as Igrejas locais como que a « espinha dorsal », porque o vosso elevado número, a vossa presença activa e as vossas organizações são de grande apoio para o apostolado da Igreja. Quando a paz está ameaçada e a justiça é denegrida, quando cresce a pobreza, estais prontas para defender a dignidade humana, a família e os valores da religião. Possa o Espírito Santo suscitar, incessantemente, na Igreja mulheres santas e corajosas que prestem a sua valiosa contribuição espiritual para o crescimento das nossas comunidades!». (Bento XVI, Africae Munus, 58).

Junho de 2019: Categorias soció-profissionais e actores políticos

Texto: Lc 12, 41-44

Comentário: a parábola dos dois administradores

A Igreja-família de Deus é uma serva. É o que nos lembra a parábola de Lucas do administrador fiel. (Lc 12, 41-44).

A parábola nos mostra aquilo que se pretende de um administrador. Ele é um trabalhador zeloso, competente e íntegro. Ele distribui a ração aos servidores, conta as taxas de manutenção de suas roupas. É um ecónomo responsável e um agente comercial, toma conta do rebanho, dirige a fábrica de azeite, as construções, bem como os salários. Informado e fiel, ele é digno de toda a confiança. E como  recompensa,  ele vê que lhe confiam responsabilidades ainda mais importantes.

Esta parábola pode inspirar uma espiritualidade de compromisso das categorias soció-profissionais e dos actores políticos. O segundo sínodo africano debruçou-se bastante sobre isto. A formação humana e religiosa dos leigos deve ser reforçada, tendo como base a Palavra de Deus e os documentos sociais da Igreja. É necessário acompanhar, se possível dentro de uma contexto ecumênico, as diversas categorias soció-profissionais, incluindo aquelas dos políticos e dos militares. O cristão deve servir de modelo a tantos outros responsáveis pelas decisões soció-políticos ou militares, como «sal da terra e luz do mundo» (Mt 5, 13-14).


Continue a meditação: Sal da terra e luz do mundo

«Unido ao seu Mestre, o discípulo de Cristo deve contribuir para formar uma sociedade justa, onde todos possam participar activamente com os seus talentos na vida social e económica. Poderão assim ganhar o que lhes é necessário para viverem de acordo com a sua dignidade humana, numa sociedade onde a justiça será vivificada pelo amor. Cristo não propôs uma revolução de tipo social ou político, mas a do amor, realizada no dom total de Si mesmo com a sua morte na cruz e a sua ressurreição. É sobre esta revolução do amor que se baseiam as Bem-aventuranças (cf. Mt 5, 3-10). Estas proporcionam um novo horizonte de justiça inaugurado no mistério pascal e em virtude do qual nos podemos tornar justos e construir um mundo melhor. A justiça de Deus, que as Bem-aventuranças nos revelam, eleva os humildes e derruba os que se exaltam. Na verdade, aquela só alcançará a sua perfeição no Reino de Deus que se realizará no fim dos tempos; mas a justiça de Deus manifesta-se já agora, quando os pobres são consolados e admitidos ao banquete da vida.» (Bento XVI, Africae Munus, 26).